Canonização
Em vida, Frei Galvão já era chamado de santo por fiéis
Fama das pílulas de papel tem início em 1800, com a cura de dois doentes
Guaratinguetá
Alexandre Alves
A confeiteira Dejanira Freitas Roberto de Oliveira, 64 anos, de Santo André (SP), passou os últimos dois anos sofrendo com problemas físicos e emocionais. Abandonada pelo marido, Dejanira caiu num turbilhão de crises nervosas, que contaminaram não apenas ela, mas a família toda.
Tudo o que ela desejou neste período foi que sua vida voltasse ao normal. Na última quinta-feira, a confeiteira conta que deu os primeiros passos para a recuperação. Reuniu-se a um grupo de 34 pessoas do ABC Paulista e visitou a Casa de Frei Galvão, em Guará.
Veio pegar pílulas do beato, que será canonizado pelo papa Bento 16 em maio, e rezar aos pés da estátua de Frei Galvão. Dejanira tocou diversas vezes na estátua e chorou. "Vou voltar para casa e viver uma vida nova."
A fé que Dejanira e milhares de outras pessoas têm em Frei Galvão não vem de hoje. Aliás, dizem os historiadores, surgiu com a fama de santidade que o franciscano tinha ainda em vida. Por 60 anos ele morou e trabalhou em São Paulo, onde construiu o Mosteiro da Luz.
Servir aos pobres foi a escolha que o menino Antônio Galvão de França fez ainda pequeno, vivendo sob a guarda dos pais na Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá. "Ele aprendeu a amar os mais necessitados com os seus pais, que eram muito caridosos e religiosos", diz trecho do livro 'Frei Antônio de Sant'Anna Galvão'.
HISTÓRIA - O beato nasceu em Guará em 1739. Segundo a historiadora Thereza Maia, diretora do Museu Frei Galvão, o livro de batismo do franciscano está desaparecido e não se sabe ao certo em que dia e mês ele nasceu. "Suspeitamos que tenha sido em dezembro", diz ela.
O pai, Antônio Galvão de França, era imigrante português e capitão-mor. A mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros.
Como os pais gozavam de prestígio social e influência política, Antônio Galvão, que era o quarto filho entre 11 irmãos, cresceu numa casa grande e rica, mas com profunda devoção à Igreja Católica.
O curioso é que, dos 11 irmãos, apenas Galvão enveredou para a vida religiosa. Com 13 anos, em 1752, o menino Galvão foi mandado para a Bahia para estudar no Seminário de Belém, de padres jesuítas. Só não se tornou um deles porque a perseguição empregada aos jesuítas pelo Marquês de Pombal fez com que a congregação deixasse o Brasil.
Em 1755, Galvão sofre uma nova mudança na vida: retorna para Guará e ingressa no convento franciscano de São Boa Ventura de Macacu, em Itaboraí, no Rio de Janeiro, onde adota o nome de Antônio de Sant'Anna Galvão.
Faz seus votos solenes em 1761 e, um ano depois, é ordenado sacerdote. Em 1762, muda-se para São Paulo e começa a grande obra da sua vida: o Mosteiro da Luz.
PÍLULAS - Frei Galvão viveu 60 anos em São Paulo até morrer em 23 de dezembro de 1822. Por volta de 1800, por não poder atender duas pessoas adoecidas, escreveu uma oração em um pequeno pedaço de papel e pediu para que os doentes a tomassem como pílulas. Ambos se salvaram e começou aí a fama das pílulas de Frei Galvão.
"Estou levando as pílulas para meu genro que, graças a Deus e a Frei Galvão, está se curando de um câncer", diz a dona-de-casa Elizabeth Silva, 51 anos.
Assim como a confeiteira Dejanira, ela voltou para Santo André na última quinta com a convicção de que levava na bolsa três pequenos milagres em forma de pílulas.
Em vida, Frei Galvão já era chamado de santo por fiéis
Fama das pílulas de papel tem início em 1800, com a cura de dois doentes
Guaratinguetá
Alexandre Alves
A confeiteira Dejanira Freitas Roberto de Oliveira, 64 anos, de Santo André (SP), passou os últimos dois anos sofrendo com problemas físicos e emocionais. Abandonada pelo marido, Dejanira caiu num turbilhão de crises nervosas, que contaminaram não apenas ela, mas a família toda.
Tudo o que ela desejou neste período foi que sua vida voltasse ao normal. Na última quinta-feira, a confeiteira conta que deu os primeiros passos para a recuperação. Reuniu-se a um grupo de 34 pessoas do ABC Paulista e visitou a Casa de Frei Galvão, em Guará.
Veio pegar pílulas do beato, que será canonizado pelo papa Bento 16 em maio, e rezar aos pés da estátua de Frei Galvão. Dejanira tocou diversas vezes na estátua e chorou. "Vou voltar para casa e viver uma vida nova."
A fé que Dejanira e milhares de outras pessoas têm em Frei Galvão não vem de hoje. Aliás, dizem os historiadores, surgiu com a fama de santidade que o franciscano tinha ainda em vida. Por 60 anos ele morou e trabalhou em São Paulo, onde construiu o Mosteiro da Luz.
Servir aos pobres foi a escolha que o menino Antônio Galvão de França fez ainda pequeno, vivendo sob a guarda dos pais na Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá. "Ele aprendeu a amar os mais necessitados com os seus pais, que eram muito caridosos e religiosos", diz trecho do livro 'Frei Antônio de Sant'Anna Galvão'.
HISTÓRIA - O beato nasceu em Guará em 1739. Segundo a historiadora Thereza Maia, diretora do Museu Frei Galvão, o livro de batismo do franciscano está desaparecido e não se sabe ao certo em que dia e mês ele nasceu. "Suspeitamos que tenha sido em dezembro", diz ela.
O pai, Antônio Galvão de França, era imigrante português e capitão-mor. A mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros.
Como os pais gozavam de prestígio social e influência política, Antônio Galvão, que era o quarto filho entre 11 irmãos, cresceu numa casa grande e rica, mas com profunda devoção à Igreja Católica.
O curioso é que, dos 11 irmãos, apenas Galvão enveredou para a vida religiosa. Com 13 anos, em 1752, o menino Galvão foi mandado para a Bahia para estudar no Seminário de Belém, de padres jesuítas. Só não se tornou um deles porque a perseguição empregada aos jesuítas pelo Marquês de Pombal fez com que a congregação deixasse o Brasil.
Em 1755, Galvão sofre uma nova mudança na vida: retorna para Guará e ingressa no convento franciscano de São Boa Ventura de Macacu, em Itaboraí, no Rio de Janeiro, onde adota o nome de Antônio de Sant'Anna Galvão.
Faz seus votos solenes em 1761 e, um ano depois, é ordenado sacerdote. Em 1762, muda-se para São Paulo e começa a grande obra da sua vida: o Mosteiro da Luz.
PÍLULAS - Frei Galvão viveu 60 anos em São Paulo até morrer em 23 de dezembro de 1822. Por volta de 1800, por não poder atender duas pessoas adoecidas, escreveu uma oração em um pequeno pedaço de papel e pediu para que os doentes a tomassem como pílulas. Ambos se salvaram e começou aí a fama das pílulas de Frei Galvão.
"Estou levando as pílulas para meu genro que, graças a Deus e a Frei Galvão, está se curando de um câncer", diz a dona-de-casa Elizabeth Silva, 51 anos.
Assim como a confeiteira Dejanira, ela voltou para Santo André na última quinta com a convicção de que levava na bolsa três pequenos milagres em forma de pílulas.
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