sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Santos é o segundo município paulista a ter restaurante-escola


Renato Brandão
Da Agência Brasil



São Paulo - Recém-restaurada pela prefeitura de Santos (SP), a Estação do Valongo - antiga estação ferroviária da linha Santos-Jundiaí - receberá uma unidade de restaurante-escola, fruto de um convênio assinado hoje (20) pela ministra do Turismo, Marta Suplicy, e o prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa.

A unidade vai oferecer cursos sobre hospedagem e alimentação. Em entrevista à Agência Brasil, Marta disse o Ministério do Turismo fornecerá verbas no valor de R$ 730 mil para comprar equipamentos e capacitar jovens carentes com idade entre 15 e 24 anos. Parte dos recursos serão destinados à instalação de uma cozinha industrial para a capacitação dos alunos.

Segundo a ministra, para que o governo federal repassasse a verba para a montagem de restaurantes-escola, é necessário que o local oferecido ao investimento seja público.

Com o repasse das verbas, que variam de R$ 700 mil a R$1,2 milhão, as prefeituras devem recuperar os locais e garantir o funcionamento do projeto por um ano. A partir de então, o município banca com recursos próprios o empreendimento até que ele possa ser auto-sustentável.

Santos é o segundo município paulista - de um total de 12 no estado - a receber um restaurante-escola. Campos do Jordão, no Vale do Paraíba, foi a primeira cidade a ter uma unidade.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A importância da acessibilidade no turismo

A importância da acessibilidade no turismo
(por Ricardo Caro *)


Artigo publicado no Jornal O Estado de São Paulo – Cad. Viagem – 18-09-07



Nova York, cidade de imponentes prédios como o Empire State. Ali perto, com enorme felicidade estampada no rosto, um humilde garoto acompanha a inauguração de outro megaedifício no centro na cidade . Intrigado com a euforia do menino, um homem aproxima-se e questiona tamanha felicidade. "Fui um dos responsáveis por construir este prédio. Há dois anos havia aqui um comitê de pessoas importantes. Uma banda de música se exibia enquanto um locutor pedia contribuições para erguer este prédio. Então, fui em casa, abri meu cofrinho e trouxe minhas moedas. Assim, ajudei a construir este enorme edifício."

Como o garoto da história, que tinha plena convicção da importância de sua participação na construção do prédio, eu acredito que posso colaborar para realizar um sonho de pessoas anônimas, com deficiências físicas. Empresário há mais de vinte anos no segmento turístico, vislumbro proporcionar atendimento especial a grupos de deficientes auditivos, visuais e cadeirantes.

Assim como existem serviços turísticos especializados para os públicos de terceira idade e GLS, quero ver atendidas as pessoas com necessidades especiais num passeio turístico ao exterior.
De acordo com os últimos dados do IBGE, cerca de 25 milhões de brasileiros, ou 14,5% da população, possuem algum tipo de deficiência. Desse universo, apenas 4% têm acesso aos serviços especiais, o que mostra que a grande maioria sofre com a exclusão social. Unir esforços é a única maneira de acabarmos com essa difícil condição.

Mas é preciso também que o governo brasileiro faça a sua parte, promovendo políticas públicas voltadas exclusivamente à acessibilidade. O sucesso de nossos atletas do Parapan, realizado no Rio no mês passado, prova o poder de superação dos portadores de necessidades especiais. Eles, no entanto, não são os únicos vencedores. Diariamente, temos "medalhistas" superando muitas dificuldades cotidianas, que poderiam desaparecer com a adoção de medidas simples.

Eu já levei diversos grupos de empresários a negócios ao redor do mundo, mas nunca presenciei um grupo de portadores de necessidades especiais visitando pontos turísticos em outros países. Imagino a felicidade dessa turma visitando o Museu do Louvre e a Catedral de Notre Dame, em Paris, ou ainda a Estátua da Liberdade, em Nova York.

Tenho esse sonho e ainda não o realizei porque acreditava ser um "sonho impossível". Agora, vivo outra realidade. Ao lançar a Casatur, um shopping inédito de turismo, faço o convite e convoco empresas e empresários do trade. Meu empreendimento vai reunir os principais serviços para os consumidores - passagens, pacotes, hospedagem e locação de veículos, além de postos de documentação (como passaporte e vacinas) e casas de câmbio.

Ofereço espaço gratuito por seis meses a quem se dispuser, de fato, a atender esse público tão esquecido ou ignorado, e que sofre com a carência da acessibilidade nos destinos e atrações turísticas. Se puder proporcionar pacotes gratuitos para os mais necessitados, ainda melhor. Estou otimista e me sinto como aquele menino que, com suas moedinhas, ajudou a construir um sonho . (* Ricardo Caro Sócio-diretor da Casatur e da Regina Caro Personal Traveller)

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terça-feira, 18 de setembro de 2007

Visanet vai atuar no ramo de saúde

Visanet vai atuar no ramo de saúde
| 17.09.2007 | 17h32
Cartões de planos de saúde serão processados pelos terminais da empresa para autorizar procedimentos médico-hospitalares EXAME
Por Eduardo Salgado e Giuliana Napolitano

EXAME A Visanet, empresa que credencia estabelecimentos comerciais e processa as transações dos cartões de crédito e débito da bandeira Visa, vai anunciar nos próximos dias a entrada no ramo de saúde. A companhia cuidará da operação de cartões de planos de saúde. A idéia é que os terminais (chamados de POS) da Visanet instalados em hospitais, laboratórios e clínicas especializadas possam ser utilizados também pelos cartões dos planos de saúde, para autorizar cirurgias, consultas, exames e outros procedimentos médico-hospitalares.

Para atuar nesse mercado, a Visanet comprou recentemente duas empresas de médio porte que operam no setor, a Dativa e a Polimed. Espera-se que, nos próximos meses, a companhia também passe a operar os cartões das seguradoras dos três bancos que são seus sócios – ABN Amro, Banco do Brasil e Bradesco.

Os sócios estudam ainda abrir o capital da Visanet, seguindo os passos do bem sucedido IPO da Redecard (RDCD3), empresa que faz o mesmo que a Visanet, mas para a bandeira Mastercard. Na maior oferta inicial de ações da história da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Redecard captou 4 bilhões de reais – e a procura pelos papéis da empresa superou a oferta em 12 vezes. O desempenho das ações no mercado foi positivo: apenas em 13 de julho, dia da estréia no pregão, a valorização foi de 24%. Até esta segunda-feira, 14 de setembro, a alta foi de 10% – enquanto o Índice Bovespa caiu 5%.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Cursos serão definidos no fim do ano

Reunião com prefeitos aponta necessidade de qualificação em hotelaria e turismo no Fundo do Vale

Luciana Mendes
Guaratinguetá


A Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado deve concluir até o final do ano o levantamento que apontará a necessidade de mão-de-obra qualificada nas cidades do Vale do Paraíba. A pesquisa faz parte do projeto 'Caravana do Trabalho'.

Ontem, o secretário do Emprego, Guilherme Afif Domingos, se reuniu com 17 prefeitos do Fundo do Vale, em Guaratinguetá, juntamente com técnicos da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), para a busca de informações sobre a empregabilidade e a necessidade de mão-de-obra.

No Fundo do Vale, onde está crescendo o turismo religioso, as necessidades apontadas pelos prefeitos são profissionais que tenham qualificação na área de hotelaria e turismo e de prestação de serviços.

Aparecida, Guaratinguetá e Cachoeira Paulista apontaram a necessidade de profissionais qualificados na área de turismo e de hotelaria.

Os municípios menores que integram o Vale Histórico, com economia baseada na agricultura e pecuária, também pretendem investir no turismo como fonte de renda.

Segundo o prefeito de Guará, Júnior Filippo (DEM), o estudo sobre a necessidade de qualificação vai ser útil para otimizar os recursos disponíveis e oferecer mais chances de ingresso no mercado de trabalho.

"A nossa cidade está se preparando para melhorar sua infra-estrutura de turismo e com certeza necessitaremos de mão-de-obra qualificada nesta área", afirmou.

O prefeito de Aparecida, José Luiz Rodrigues (DEM), também acredita que a principal vocação do Fundo do Vale é o turismo religioso em Aparecida, Guará e Cachoeira e o turismo histórico nas cidades como Bananal, São José do Barreiro e Silveiras.

PROJETO - O projeto Caravana do Trabalho está percorrendo regiões do Estado para envolver os 645 municípios em uma jornada pela qualificação profissional.

Hoje, a caravana será realizada em São José dos Campos, onde o secretário se reúne com os 22 prefeitos da região de São José dos Campos e do Litoral Norte.

De acordo com a secretaria, após a elaboração do estudo, a Fundação Seade apontará a situação ocupacional e as tendências do mercado de trabalho para o futuro. A pesquisa apontará também os diferentes setores e os tipos de profissionais necessários em cada localidade.

CURSOS - Após a conclusão do estudo, o Centro Paula Souza será o aplicador e o certificador oficial dos cursos de qualificação que forem apontados como necessários. Nas cidades onde não houver escolas técnicas, outras entidades poderão aplicar os cursos, desde que passem pela aprovação do Centro Paula Souza.

Segundo Afif Domingos, a Fundação Padre Anchieta foi escolhida para preparar todo o material que será utilizado pelos alunos durante os cursos.

"Para que o projeto tenha sucesso, é preciso o envolvimento de todos os prefeitos, porque são eles que apontam as necessidades. Vamos concluir o estudo até o final deste ano e em 2008 partimos para a realização dos cursos", afirmou Afif Domingos.

Para medir os resultados do estudo, a Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo Público) fará a avaliação de todo o processo que inclui o resultado do diagnóstico, a implantação dos cursos e o aproveitamento dos trabalhadores no mercado de trabalho.

Governo promove hoje e amanhã encontros com prefeitos para levantar as carências de qualificação profissional

Estado traça diagnóstico do emprego na região
Luciana Mendes
Guaratinguetá

O secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, se reúne hoje em Guaratinguetá e amanhã em São José dos Campos com prefeitos da região. O objetivo dos encontros é elaborar um relatório sobre a necessidade de mão-de-obra qualificada no Vale do Paraíba.

O projeto 'Caravana do Trabalho' está percorrendo várias regiões do Estado convocando todos os prefeitos para tentar traçar um raio-x das carências de qualificação nos 645 municípios de São Paulo.

O encontro de Afif Domingos com os 17 prefeitos da região do Fundo do Vale será realizado hoje, das 9h às 12h, no Hotel Clube dos 500, no km 60 da via Dutra, em Guaratinguetá.

Já a reunião com os 22 prefeitos da região de São José dos Campos e do Litoral Norte será realizada amanhã das 14h às 17h no Hotel Aquarius, na rua David Barrilli, no Jardim Aquarius.

Durante os encontros nas duas cidades, Afif Domingos, juntamente com técnicos da Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), buscarão informações sobre a empregabilidade e a necessidade de mão-de-obra qualificada nos municípios.

De acordo com a Secretaria de Relações do Trabalho, após uma pesquisa, a Fundação Seade apontará a situação ocupacional e as tendências do mercado de trabalho para o futuro.

A pesquisa apontará também os diferentes setores e os tipos de profissionais necessários em cada localidade.

CURSOS - Segundo Afif Domingos, com os dados em mãos, a Secretaria do Emprego poderá aplicar cursos de qualificação profissional de acordo com as necessidades locais para otimizar os recursos disponíveis para qualificação do trabalhador, garantindo a ele mais chances de ingressar no mercado de trabalho.

O objetivo da Caravana do Trabalho é possibilitar a coleta de dados para a elaboração do diagnóstico do emprego no Estado, por meio de informações passadas pelos próprios prefeitos.

O evento deverá ser iniciado com uma explicação do secretário sobre as diretrizes do projeto e em seguida os prefeitos recebem um questionário elaborado pela Fundação Seade que será respondido e devolvido em um prazo de 15 dias.

RESULTADO - O cruzamento das informações vai gerar o diagnóstico do emprego em cada município, segundo a secretaria.

Após a conclusão da pesquisa que apontará as necessidades dos municípios, o Centro Paula Souza, com 136 escolas técnicas e 33 Fatecs, distribuídas em 115 cidades do Estado, oferecerá os cursos de qualificação.

Nas cidades onde não houver escolas técnicas, outras entidades poderão aplicar os cursos, desde que passem pela aprovação do Centro Paula Souza.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

A difícil escalada brasileira


A difícil escalada brasileira

O país é um dos mercados emergentes do turismo mundial, mas precisa vencer vários desafios para sustentar seu crescimento na área

EXAME

Por Renato Mendes


Uma música popular riquíssima, o melhor futebol do planeta, um povo bonito, alegre e amistoso, quase 8 000 quilômetros de praias banhadas por sol na maior parte do ano e um naipe inigualável de outras grandes atrações, da exuberância amazônica à explosão de vida selvagem da região do Pantanal. Durante décadas, o Brasil dormiu nesse berço esplêndido e ufanista, imaginando que, naturalmente, cedo ou tarde, hordas de estrangeiros fariam filas nas alfândegas dos aeroportos nacionais para conhecer tudo o que há de bom por aqui. O tempo passou e a "invasão" não aconteceu. Foi necessário um longo período para se constatar dois fatos óbvios diante do fracasso do país nessa área. Um deles é que o Brasil não detém a exclusividade sobre as belezas do planeta. Outra questão importante é que, sem investimentos sérios em turismo -- da promoção da imagem no exterior à melhoria da infra-estrutura para receber visitantes --, o país corre o risco de ficar relegado para sempre a uma espécie de segunda divisão de um dos setores mais ricos, dinâmicos e competitivos da economia global.

O choque de realidade ajudou a despertar o Brasil para o mercado do turismo. Nos últimos anos, graças a um conjunto inédito de esforços dos setores público e privado, o país deixou a condição de eterna promessa do setor para se transformar num competidor sério. Os resultados desse movimento já aparecem nas estatísticas -- e são muito relevantes. De uma década para cá, apresentamos uma das maiores taxas de expansão do mundo na área. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), enquanto o número de passageiros de viagens internacionais cresceu em média 50% no planeta entre 1995 e 2005, o aumento registrado no mesmo período no Brasil foi de 170%.

Em razão da multiplicação do fluxo de visitantes, a receita cambial gerada pelo turismo atingiu um patamar recorde no ano passado, totalizando 4,3 bilhões de dólares. Resultado: o setor já é o quinto principal produto da balança comercial brasileira, atrás apenas de minério de ferro, petróleo bruto, soja em grãos e automóveis. O dinheiro trazido pelos turistas ajuda a movimentar um mercado que fatura mais de 100 bilhões de reais por ano e emprega mais de 2 milhões de pessoas no país. Não foi por acaso, portanto, que o Brasil entrou recentemente na mira dos grandes grupos estrangeiros de hotelaria. De uma década para cá, mais de uma centena de redes internacionais chegaram aqui. Elas são responsáveis por dois em cada dez novos estabelecimentos que estão sendo erguidos.

O fenômeno vem chamando a atenção da imprensa internacional. No início de janeiro, o diário americano Miami Herald divulgou uma lista dos dez melhores países para os turistas internacionais em 2007. O Brasil ficou em quinto lugar, atrás de China, Estados Unidos, Marrocos e Argentina -- e à frente de destinos tradicionais, como Espanha e Grécia. O jornal destacou que o Brasil sempre foi um roteiro atraente graças à sua diversidade natural e cultural, mas neste ano conta com um trunfo a mais para atrair turistas: os Jogos Pan-Americanos, que acontecem em julho, no Rio de Janeiro. Outra publicação americana, a Travel Weekly, uma das principais revistas de turismo do mundo, apontou o país entre os cinco destinos mais promissores nesta temporada. A escolha foi feita pelo voto de seus leitores, em sua maioria agentes de viagem e operadores de turismo.

Novos patamares

O país contabilizou em 2006 um recorde histórico em receitas cambiais geradas pelo turismo, mas a trajetória positiva de evolução de visitantes estrangeiros foi interrompida

Receita cambial do turismo
(em bilhões de dólares)
2002 2
2003 2,5
2004 3,2
2005 3,9
2006 4,3

Número de turistas estrangeiros
(em milhões)
2002 3,8
2003 4,1
2004 4,8
2005 5,4
2006 5,1

Fontes: Banco Central e Embratur

Por causa do enorme atraso histórico brasileiro nesse setor, o avanço dos últimos anos ainda não foi suficiente para tirar o país de posições modestas no ranking mundial de turismo. Atualmente, segundo a OMT, o Brasil é o 36o principal destino do mundo em número de visitantes e o 39o em faturamento. Para avançar nessa lista, o país terá de superar grandes desafios. O crescimento do turismo nacional escancarou sérias deficiências na área de infra-estrutura. Desde o final do ano passado, o setor enfrenta uma sucessão de problemas. A fase de más notícias começou com a crise da Varig, que suspendeu várias de suas rotas internacionais. Depois disso, ocorreu o apagão aéreo, como foi apelidada a crise dos aeroportos, cujas operações entraram em colapso devido ao aumento do tráfego e dos atrasos em obras de ampliação. Somente nos primeiros meses deste ano, cerca de 30% dos vôos sofreram algum tipo de atraso.

O conjunto de fragilidades do país acendeu o sinal de alerta no setor de turismo. Um dos reflexos imediatos dos problemas foi a interrupção da trajetória positiva do fluxo de estrangeiros que visitam o país por ano. Entre 2005 e 2006, esse número sofreu queda de 5,4 milhões de pessoas para 5,1 milhões (veja quadro ao lado). Por causa do apagão aéreo, a taxa de ociosidade nos hotéis do Nordeste no fim do ano passado chegou a 30%, um verdadeiro desastre em pleno período de alta estação. "Não há como entrar no Primeiro Mundo sem resolver essas questões básicas", diz Xavier Veciana, diretor-geral da SuperClubs, rede jamaicana que administra no Brasil o resort Breezes Costa do Sauípe, na Bahia.

O primeiro ranking mundial de competitividade no turismo, divulgado em março pelo Fórum Econômico Mundial, ajudou a dimensionar o atraso nacional no setor. A entidade avaliou 124 nações, atribuindo notas em quesitos fundamentais para a indústria turística, como segurança e infra-estrutura. Os campeões do levantamento foram Suíça, Áustria e Alemanha. O Brasil acabou em 59o lugar, atrás de países como Bahrein, Costa Rica e Estônia. Segundo os responsáveis pelo levantamento, os problemas de violência, as péssimas condições das estradas e os gargalos dos aeroportos estão entre as causas que contaram mais pontos para a avaliação negativa do país. Esse diagnóstico foi corroborado pelo universo de entrevistados de uma pesquisa exclusiva de EXAME a respeito dos grandes desafios do país na área de turismo. Foram ouvidos 90 dos principais empresários e executivos do setor no Brasil. A exemplo dos especialistas do Fórum Econômico Mundial, eles consideram que as duas maiores prioridades do país para avançar nessa área são o combate às deficiências de infra-estrutura e a melhoria da segurança pública. Cerca de 90% dos entrevistados elegeram o combate à criminalidade como a prioridade do governo no setor (veja quadro na pág. XX).

De tempos em tempos, cenas de violência explícita contra turistas ameaçam anos de trabalho de construção da imagem brasileira no exterior. No final de novembro, por exemplo, um grupo de 18 turistas ingleses foi assaltado pouco depois de desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. O ônibus que levava os visitantes foi fechado por bandidos no Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, quando se dirigia a um hotel em Copacabana, e os passageiros perderam todos os seus pertences. O mais absurdo é que o chefe da Polícia Civil do Rio atribuiu a responsabilidade pelo assalto às empresas de turismo, por não terem pedido reforço de segurança para acompanhar a chegada dos estrangeiros à cidade.

O prejuízo causado por ocorrências desse tipo não é desprezível. O economista Ib Teixeira, da Fundação Getulio Vargas, tentou medir o impacto da violência no turismo brasileiro. Tomando por base os turistas europeus e americanos que viajam para a vizinha Argentina, Teixeira estimou quantos desses visitantes o Brasil poderia atrair se fosse um país mais seguro. Levando em conta que cada estrangeiro gasta em média 1 000 dólares por estadia, a conclusão de Teixeira é que o Brasil poderia ter uma receita adicional de cerca de 2,5 bilhões de dólares por ano -- quase 60% mais que os estrangeiros gastaram no país em 2006. "Autoridades americanas e européias recomendam que seus turistas não venham para cá", diz Teixeira. "O problema da violência é gravíssimo, mas nunca recebeu a devida atenção."

Na pesquisa de EXAME, o segundo gargalo mais importante citado pelos entrevistados, depois da falta de segurança, são questões ligadas a deficiências na infra-estrutura turística. A crise atual nos aeroportos é apenas o capítulo mais recente de um longo histórico de problemas na área. Uma das dificuldades é a falta de um número maior de vôos regulares para os principais mercados -- Estados Unidos e Europa. Hoje, o transporte aéreo é o principal meio utilizado pelos turistas estrangeiros que visitam o Brasil -- três em cada quatro visitantes chegam ao país de avião. Além disso, há uma grande concentração de vôos em São Paulo e no Rio de Janeiro: 87% dos desembarques internacionais acontecem nos aeroportos de Cumbica, em São Paulo, ou do Galeão, no Rio.

No momento, porém, a deficiência de infra-estrutura que mais tem provocado problemas é o colapso operacional dos aeroportos. Com o aumento da demanda ocorrido nos últimos anos, eles se encontram sobrecarregados. A situação é especialmente dramática em Congonhas, em São Paulo. Quando sua operação é interrompida por algum motivo (o que tem sido freqüente nos últimos meses), isso gera um efeito cascata em forma de atrasos em outros terminais do país. Entre 2005 e 2006, Congonhas foi um dos aeroportos que registraram maior aumento no número de passageiros no mundo. A reação do governo brasileiro a esse gargalo tem sido muito lenta e tímida. Desde 2003, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) investiu 2,4 bilhões de reais em obras de ampliação e melhorias em 19 terminais do país. Nesse pacote estão incluídas as reformas das pistas de Congonhas. Mas o ritmo dos trabalhos ainda é muito lento.

Os gargalos e as prioridades
Os problemas que devem ser resolvidos com urgência, na opinião de 90 dos principais empresários e executivos do setor de turismo no país
1 - O que mais afasta o turista estrangeiro do Brasil?
Violência 56%
Poucos vôos diretos para o país 19%
Infra-estrutura precária 9%
Distância da Europa/Estados Unidos em relação ao Brasil 7%
Baixa qualidade dos serviços 7%
Imagem do país ligada ao turismo sexual 2%
2 - Quais devem ser as cinco prioridades para estimular o turismo?
1ª - Melhoria na segurança
2ª - Maior abertura do mercado aéreo
3ª - Aumento da verba de marketing para divulgar o país
4ª - Fim da exigência de visto para os americanos
5ª - Melhoria da sinalização e da informação aos turistas

Não é apenas por causa de problemas como falta de segurança e deficiências de infra-estrutura que o Brasil leva uma nítida desvantagem em relação a seus grandes competidores no setor. Embora a criação do Ministério do Turismo, em 2003, tenha representado um avanço em termos de políticas públicas para fomentar o desenvolvimento do setor, ainda há muito o que fazer. Uma das questões que ainda não mereceram a devida atenção foi o peso da carga tributária do país sobre essa área. Numa pesquisa realizada no ano passado pelo Senac com 63 grandes empresários do turismo nacional, o custo dos impostos foi citado como o fator que mais inibe investimentos e tira competitividade do Brasil. Em outros países que elevaram o turismo à condição de prioridade nacional, o setor recebe tratamento diferenciado por parte do Fisco. O México é um dos grandes exemplos disso. Em janeiro de 2004, o governo local concedeu descontos no pagamento de tributos aos turistas estrangeiros que vão ao país para participar de congressos, feiras e exposições. A medida teve efeito quase imediato. Em 2003, 14 eventos haviam sido realizados no país. Em 2005, esse número subiu para 65. Com iniciativas desse tipo, não é difícil entender por que o México recebe cerca de 20 milhões de turistas estrangeiros por ano, quatro vezes mais que o Brasil. É apenas um exemplo no qual o país poderia se inspirar para criar melhores condições para o desenvolvimento do setor.

Mantega anuncia incentivos fiscais para o setor hoteleiro


Mantega anuncia incentivos fiscais para o setor hoteleiro
| 04.09.2007 | 10h24



Por Renata Veríssimo
Agência Estado

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje novos incentivos fiscais para o setor hoteleiro. Ele informou que a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para fechaduras eletrônicas cairá de 10% para 5%. Também haverá redução acelerada de PIS e Cofins para móveis, utensílios e máquinas, utilizados pelo setor.

Segundo o ministro, os equipamentos com oito horas de uso terão uma depreciação de 10% em dez anos. Com 16 horas de uso, 15% em seis anos e meio, e equipamentos com 24 horas de utilização, 20% em cinco anos. Mantega explicou que para investimentos incentivados haverá uma redução nesses prazos, pela metade. Os incentivos terão validade até 31 de dezembro de 2010.

Ele explicou que o setor hoteleiro usa alguns tipos de bens de consumo duráveis, como ar-condicionado e geladeiras, que não tinham direito a depreciação acelerada, por não serem bens de capital. Com a medida, o ministro estima que o custo dos investimentos no setor será reduzido.

Potencial

Mantega afirmou que o Brasil tem um grande potencial no setor turístico, que está sintonizado com o crescimento econômico do País. Ele disse que o setor turístico cresceu 30% no ano passado, enquanto que o avanço da economia está em torno de 5%.

Embora ele não tenha explicitado os motivos das novas desonerações, o governo está preocupado com a queda no turismo, que vem ocorrendo desde o final do ano passado, em função da crise no setor aéreo.