sexta-feira, 18 de maio de 2007

A Sorte está Lançada

O Papa veio. E o Papa foi. Embora tenha sido uma curta passagem, a visita de S.S. Bento XVI teve um significado importante para o Brasil, para São Paulo e particularmente para nós, em Aparecida e Vale Histórico. Momentos especialmente marcantes foram vividos em nossa região pelo Sumo Pontífice, que certamente guardará excelentes lembranças do calor humano e das manifestações de carinho e amor vividos aqui. Independente de qualquer coisa, foi um evento global coroado de sucesso.
Mas, e agora? Que lições podemos tirar de tudo isso? Qual a leitura dessa experiência?
Em primeiro lugar, segundo o nosso ponto de vista, ficou claro que uma nova gama de oportunidades se abrirá com as mudanças inevitáveis que acontecerão. Para os menos avisados, isso poderá significar o prelúdio de uma crise, mas para os que se situarem de maneira inovadora, será um grande momento.
E isso porque estamos vendo uma transição acontecer de maneira concreta, sistemática e inevitável. O modelo de negócios de Aparecida, seja para a rede de hotéis e restaurantes, seja para os lojistas e comerciantes em geral, baseia-se no fato de que o nosso turista - o Romeiro - vem a Aparecida de qualquer forma, na medida em que sua motivação é de caráter religioso e sua satisfação é estar na Capital da Fé brasileira. Adapta-se a condições particulares de oferta de acomodação que dispomos e tem um estilo de negociação que está consolidado entre as partes, depois de acomodações feitas ao longo do tempo. É bem verdade que mesmo o Romeiro que conhecemos, já não é mais o mesmo, porque vem tornando-se mais exigente, mais seletivo e quer mais pelo valor que paga. Isso vem se refletindo nos serviços da cidade ao longo dos anos, com melhorias substanciais na qualidade.
No entanto, o que teremos a partir dos eventos de Maio de 2007 é o aporte de um novo cliente, de um tipo de visitante que vem de outros países, movido pelo interesse em conhecer os ícones da peregrinação religiosa mundial, encabeçados pelo maior Santuário Mariano do Mundo, o Santuário Nacional de Aparecida. De um cliente que paga em Euros ou Dólares, que fala Inglês ou Espanhol, que quer um tipo de atendimento hospitaleiro e profissinal por parte dos agentes do setor. Virão pessoas que querem se hospedar em quartos e não em leitos. Que querem saborear comida típica e não apenas uma refeição robusta. Enfim, que vem viver a experiência espiritual da Fé, sem esquecer das necessidades do corpo.
Esse tipo de hóspede vai buscar onde se ficar em agências de viagem ou na internet, porque não virá para negociar sua hospedagem na porta do hotel. E se não encontrar o que procura, vai buscar o que quer em outra região, outra cidade.
Portanto, repensar a estrutura de vendas passa a ser fundamental para alcançarmos esse novo nicho. E mais importante ainda, será proporcionarmos o "momento mágico" quando da estada desse visitante em nossa região, tendo em conta que são formadores de opinião e irão propagar a experiência em sua rede de relacionamentos, que em geral é bastante grande. Falamos nos dias de hoje de uma visitação anual na ordem de 8 milhões de visitantes somente a Aparecida, mas é claro que fatos como a Canonização do Santo Antonio de Santana Galvão e todas as demais iniciativas regionais trarão um número bastante superior de pessoas ao Vale Histórico, e sem medo de errar, podemos estimar que, em poucos anos, podermos falar em 10 milhões ou 12 milhões de visitantes ano.
Ora, isso vai requerer de todos nós um esforço de adaptação e uma mudança de comportamento, porque se o nosso tradicional Romeiro vai continuar nos visitando nos moldes conhecidos, certamente um número igual ou superior de pessoas vai buscar o diferencial que garanta qualidade, conforto e segurança a sua estada. E a sorte vai estar ao lado dos que estiverem dispostos a desenvolver serviços e produtos adequados para esses novos tempos.

Definitivamente, a sorte está lançada.

Ernesto Elache
Presidente
Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Aparecida e Vale Histórico

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