Pesquisa sobre Empreendedorismo: Global Entrepreneurship Monitor - GEM/2006
A Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) utilizada para medir as taxas de
empreendedorismo mundial, foi apresentada pelo Sebrae e Instituto
Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), no último
mês de Abril.
Os dados revelam que a principal mudança no cenário empreendedor brasileiro, foi
o número de empresas estabelecidas de forma consolidada no
País. O percentual delas tem crescido regularmente, de 7,6%, em
2003, para 12,9% em 2006 (ou 14,2 milhões de empreendimentos).
Esse crescimento percentual de empresas estabilizadas traduz uma melhoria nas
condições de sobrevivência dos empreendimentos no
País. No ranking mundial, o Brasil está em 5º lugar
no número de empreendedores estabelecidos, mantendo a mesma
colocação de 2005.
"Pela primeira vez no Brasil, o número dos empreendedores estabelecidos superou o de
empreendedores iniciantes. A pesquisa assinala que esse ineditismo
sugere um ambiente mais propício ao negócio
próprio, que ela (a pesquisa) atribui à estabilidade
econômica. Se realmente se confirmar esta tendência,
podemos somar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas à
estabilidade econômica já alcançada como outro
fator para consolidar um clima favorável ao surgimento e
manutenção de novas empresas - este sim um ingrediente
certo e não apenas uma tendência", afirma o presidente do
Sebrae, Paulo Okamotto.
Cultura e política
O brasileiro adulto tem uma mentalidade empreendedora bastante
desenvolvida. Esse foi outro aspecto favorável ao Brasil
demonstrado na pesquisa. Constatou-se que, direta ou indiretamente, a
atividade empreendedora faz parte da vida cotidiana do brasileiro:
quase a metade da população conhece alguém que
montou uma empresa nova nos dois últimos anos.
A pesquisa GEM também identifica e distingue em cada país
que participa do estudo, um conjunto de "Condições
Nacionais que Afetam o Empreendedorismo". Entre essas
condições está a "Atual Política relativa
ao Empreendedorismo". Nela é analisado até que ponto as
políticas governamentais regionais e nacionais, refletidas ou
aplicadas em termos de tributos e regulamentações,
são neutras ou encorajam ou não o surgimento de novos
empreendimentos.
No Brasil essa condição recebeu destaque com a nova Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, sancionada
pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
em 14 de dezembro de 2006 e que passou a ter vigência no dia
seguinte em todo o País - exceto o capítulo
tributário, que passará a vigorar em 1º de julho
deste ano.
A Lei Geral traz diversos benefícios para o micro e pequeno empreendimento, como o estímulo ao seu
estabelecimento e desenvolvimento, por meio da redução de
exigências burocráticas e da criação de um
sistema tributário diferenciado e simplificado favorável
ao segmento. Entre outras vantagens, a Lei ainda implementará
uma base de dados de informação única e integrada
e um sistema único de coleta de impostos, pelo qual as receitas
são automaticamente transferidas à União, estados
e municípios.
"A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas permitirá aos empreendedores conduzir melhor seus
negócios, simplificando a tomada de decisões sobre os
processos administrativos, fiscais e tributários que envolvem a
gestão de uma empresa, e isso basicamente devido à
redução expressiva das exigências que dificultam o
ato de empreender no Brasil", afirma o diretor-presidente do IBQP,
Carlos Artur Krüger Passos.
Ranking mundial
A pesquisa mostra que o Brasil é o décimo país com o
maior número de pessoas que abrem negócios no mundo.
São cerca de 13,7 milhões de empreendedores iniciais (que
estão em fase de implantação do negócio ou
que já o mantêm por até 42 meses). Eles
correspondem a 11,65% da população adulta de 118
milhões de brasileiros com
64 anos de idade. O País passou de 7º colocado no ranking
em 2005 para 10º em 2006, o que pode ser explicado pela entrada de
novos países no consórcio GEM apresentando taxas
superiores às brasileiras, como por exemplo, Uruguai, Filipinas,
Colômbia.
A pesquisa GEM trabalha com duas categorias
para montar o ranking mundial. Uma delas é a taxa de
empreendedores em estágio inicial, medida a partir da pesquisa
com a população adulta (
64 anos) que está ativamente envolvida na criação
de novos empreendimentos ou à frente de empreendimentos com
até três anos e meio. A outra categoria é a de
empresas estabelecidas há mais de três anos e meio (42
meses).
Na categoria de empreendedores iniciais, os
países mais empreendedores são Peru (40,15%),
Colômbia (22,48%), Filipinas (20,44%), Jamaica (20,32%),
Indonésia (19,28%), China (16,19%), Tailândia (15,20%),
Uruguai (12,56%) e Austrália (11,96%). Já os cinco
países menos empreendedores são Emirados Árabes
(3,74%), Itália (3,47), Suécia (3,45%), Japão
(2,90%) e Bélgica (2,73%).
Empresas estabelecidas
Os
países que saem na frente na categoria de empresas estabelecidas
são Filipinas (19,72%), Indonésia (17,62%),
Tailândia (17, 42%), Peru (12,37%) e Brasil (12,09%), desbancando
países como China (8,98%), Estados Unidos (5,42%) e Japão
(4,76%).
Desde 2005, o GEM tem analisado também países em dois grupos
segundo o Produto Interno Bruto (PIB) per capita: são os
países de renda média e os de renda alta. Esse aspecto
é considerado pela paridade de poder de compra. Por essa
análise, constatou-se que as taxas de empreendedorismo inicial
tendem a ser mais altas nos países de renda média, devido
a diversos fatores como perfil demográfico e valores culturais,
por exemplo. A taxa de empreendedores em estágio inicial
é relativamente menor nos países de alta renda, de modo
especial nos países da União Européia e no
Japão.
Motivação x necessidade
Como na edição passada da pesquisa, o GEM também
diferenciou os empreendedores em função de sua
motivação para desenvolver um negócio
próprio. O objetivo é verificar se as iniciativas
empreendedoras decorrem de oportunidades de negócios ou se
estão relacionadas à falta de opções no
mercado de trabalho. Tem-se, portanto, as taxas de empreendedorismo por
oportunidade e por necessidade.
Quanto a essa classificação, no Brasil os números permanecem
iguais aos de 2005. No empreendedorismo por oportunidade, o País
manteve a taxa de 6% (7 milhões de iniciativas); no ranking
mundial, porém, o Brasil foi da 15ª posição
para a 20ª.
No empreendedorismo por necessidade, houve uma pequena variação: em
taxa era de 5,3% e passou para 5,6% em 2006 (6,5 milhões de
iniciativas). No ranking, o Brasil passou de 4º para 6º
colocado. Proporcionalmente, é possível dizer que no
Brasil, para cada indivíduo que empreende por oportunidade,
existe outro que o faz por necessidade.
Metodologia
Criado em 1999, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é o maior
estudo independente do mundo sobre a atividade empreendedora,
abrangendo mais de 50 países consorciados, o que representa 90%
do PIB e 2/3 da população mundial. O GEM é
atualmente coordenado pela London Business School (Inglaterra) e Babson
College (Estados Unidos).
No Brasil, desde 2000, o GEM vem se consolidando como uma importante referência para as iniciativas
relacionadas ao empreendedorismo. O projeto é liderado no
País pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade
(IBQP), que coordena e executa o GEM, tendo como parceiros o Sebrae
Nacional, a Federação das Indústrias do Estado do
Paraná (Sistema Fiep), a Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC/PR) e o Centro
Universitário Positivo (Unicenp).
Para compor a pesquisa no Brasil, em 2006, foram entrevistados dois mil indivíduos com idades entre
64 anos de todas as regiões do País, selecionados
aleatoriamente. A pesquisa, que tem nível de confiança de
95% e margem de erro amostral de 1,47%, conta ainda com opiniões
de 37 especialistas brasileiros.
Nesta edição, 42 países participaram da pesquisa. São países da
Europa, Américas (cinco da América do Sul), Ásia,
África e Oceania. Oito países participaram pela primeira
vez neste ciclo da pesquisa GEM: República Tcheca Turquia,
Colômbia, Uruguai, Emirados Árabes, Filipinas,
Indonésia e Malásia.
Fonte: ASN - Assessor de Imprensa do Sebrae Nacional -
Assessora de Imprensa do IBQP - Maria Júlia
Nenhum comentário:
Postar um comentário