Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O futuro do planeta Terra deveria ser tema abordado na 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, que acontecerá em Aparecida (SP). Essa é a avaliação do teólogo e filósofo Leonardo Boff. “As igrejas devem ajudar os fiéis a se adaptarem às mudanças climáticas e com os recursos próprios da religião a minorar os efeitos maléficos do aquecimento global”, afirmou ele, em texto publicado em seu site pessoal na internet.
Segundo ele, se esses temas forem abordados em Aparecida, a Igreja Católica terá cumprido sua missão histórica num momento crítico da Terra e da Humanidade. Os comentários do teólogo sobre a conferência e a vinda do papa Bento XVI ao Brasil foram postados como "entrevista coletiva". Segundo Boff, ele sabia que receberia grande número de pedidos de entrevista neste período e não poderia atender a todos eles.
Em sua "entrevista coletiva", Boff diz que não espera muito do evento em Aparecida, a não ser que avanços obtidos no passado sejam mantidos: “Não há muita coisa a se inventar para a Igreja na América Latina”. “Nestas assembléias [as conferências anteriores] sempre se identificou que a causa maior mas não exclusiva de nossa miséria se deve ao sistema econômico, político e cultural que se instalou desde os tempos da colônia que em termos diretos se chama de capitalismo hoje em sua versão neo-liberal. Espero que esta lucidez esteja presente nos documentos de Aparecida.”
O teólogo acredita que a escolha do Brasil foi motivada pela perda de fiéis católicos no país nos últimos 20 anos. Para ele, o conservadorismo e a falta de atendimento espiritual faz com que os fiéis se afastem da igreja. “A maioria dos cristãos adultos não sentem mais a Igreja como seu lar espiritual, emigram interiormente ou simplesmente buscam outros caminhos”, constata Boff. Ele também diz que quem não articula fé justiça social no Brasil num contexto de grandes injustiças sociais e violência generalizada não está fortalecendo a Igreja, mas traindo sua missão.
Para Boff, o pontificado de Bento XVI não mostrou até agora nenhuma diferença em relação à gestão de João Paulo II. “A estratégia de João Paulo II e do atual papa é construir a igreja para dentro, distanciada criticamente do mundo no qual vê acima de tudo riscos de relativismo, de materialismo e de modernismo”, avalia.
Ex-frade da Igreja Católica, Boff foi punido pelo Vaticano por publicações ligadas à Teologia da Libertação, movimento de destaque entre os anos 60 e 70 na América Latina, que incorporava elementos de análise sociológica marxista ao catolicismo. Na época em que o brasileiro sofreu essas sanções, o atual papa, Bento XVI, então cardeal Joseph Ratzinger, ocupava o cargo de prefeito da Congregação no Vaticano. Boff deixou a Ordem dos Franciscanos em 1992.
A avaliação de Leonardo Boff em relação à Teologia da Libertação é que ela continua viva e forte no Brasil e em muitas partes do mundo. Ele lembra que, há dois anos, foi realizado o Fórum Mundial da Teologia da Libertação, com a presença de mais de 300 representantes de todos os continentes. O mesmo ocorreu neste ano em Nairobi. “Tal fato não deve ter passado despercebido ao Vaticano, que tem olhos atentos em todas as partes”, acredita Boff.
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O futuro do planeta Terra deveria ser tema abordado na 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, que acontecerá em Aparecida (SP). Essa é a avaliação do teólogo e filósofo Leonardo Boff. “As igrejas devem ajudar os fiéis a se adaptarem às mudanças climáticas e com os recursos próprios da religião a minorar os efeitos maléficos do aquecimento global”, afirmou ele, em texto publicado em seu site pessoal na internet.
Segundo ele, se esses temas forem abordados em Aparecida, a Igreja Católica terá cumprido sua missão histórica num momento crítico da Terra e da Humanidade. Os comentários do teólogo sobre a conferência e a vinda do papa Bento XVI ao Brasil foram postados como "entrevista coletiva". Segundo Boff, ele sabia que receberia grande número de pedidos de entrevista neste período e não poderia atender a todos eles.
Em sua "entrevista coletiva", Boff diz que não espera muito do evento em Aparecida, a não ser que avanços obtidos no passado sejam mantidos: “Não há muita coisa a se inventar para a Igreja na América Latina”. “Nestas assembléias [as conferências anteriores] sempre se identificou que a causa maior mas não exclusiva de nossa miséria se deve ao sistema econômico, político e cultural que se instalou desde os tempos da colônia que em termos diretos se chama de capitalismo hoje em sua versão neo-liberal. Espero que esta lucidez esteja presente nos documentos de Aparecida.”
O teólogo acredita que a escolha do Brasil foi motivada pela perda de fiéis católicos no país nos últimos 20 anos. Para ele, o conservadorismo e a falta de atendimento espiritual faz com que os fiéis se afastem da igreja. “A maioria dos cristãos adultos não sentem mais a Igreja como seu lar espiritual, emigram interiormente ou simplesmente buscam outros caminhos”, constata Boff. Ele também diz que quem não articula fé justiça social no Brasil num contexto de grandes injustiças sociais e violência generalizada não está fortalecendo a Igreja, mas traindo sua missão.
Para Boff, o pontificado de Bento XVI não mostrou até agora nenhuma diferença em relação à gestão de João Paulo II. “A estratégia de João Paulo II e do atual papa é construir a igreja para dentro, distanciada criticamente do mundo no qual vê acima de tudo riscos de relativismo, de materialismo e de modernismo”, avalia.
Ex-frade da Igreja Católica, Boff foi punido pelo Vaticano por publicações ligadas à Teologia da Libertação, movimento de destaque entre os anos 60 e 70 na América Latina, que incorporava elementos de análise sociológica marxista ao catolicismo. Na época em que o brasileiro sofreu essas sanções, o atual papa, Bento XVI, então cardeal Joseph Ratzinger, ocupava o cargo de prefeito da Congregação no Vaticano. Boff deixou a Ordem dos Franciscanos em 1992.
A avaliação de Leonardo Boff em relação à Teologia da Libertação é que ela continua viva e forte no Brasil e em muitas partes do mundo. Ele lembra que, há dois anos, foi realizado o Fórum Mundial da Teologia da Libertação, com a presença de mais de 300 representantes de todos os continentes. O mesmo ocorreu neste ano em Nairobi. “Tal fato não deve ter passado despercebido ao Vaticano, que tem olhos atentos em todas as partes”, acredita Boff.
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