segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Turismo sustentável e desenvolvimento


É notório que o turismo é uma das atividades econômicas mais importantes do mundo, reflexo de sua elevada participação no PIB e do alto nível de empregabilidade do setor. Ultimamente, assuntos como meio-ambiente e sustentabilidade têm ocupado grandes pautas dos meios de comunicação no Brasil e no mundo. No Brasil, o grande número de turistas que buscam práticas de diversão no ecoturismo fez com que o turismo sustentável começasse a tomar maiores proporções, atingindo uma importante parcela da população. Neste contexto, cabe um breve release sobre o turismo sustentável como fator de desenvolvimento nacional, podendo ser uma fonte importante de receitas para o País, além, é claro, de ter reflexos positivos no âmbito social.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) foi a precursora no assunto, aplicando os princípios do desenvolvimento sustentável no turismo em seus projetos, definindo-o da seguinte forma: “O desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um dos condutores do gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida”. Em resumo, o turismo sustentável deve ser entendido como uma atividade econômica lucrativa, que leva em consideração o cuidado com o meio ambiente, sem a subtração ou depreciação de recursos naturais.

Segundo projeções da própria OMT, espera-se que as chegadas internacionais de turistas atinjam 1,6 bilhão em 2020, sendo que 1,2 bilhão serão provenientes de vôos intraregionais e 400 milhões se darão por meio de viagens transcontinentais, o que geraria um enorme fluxo de turistas estrangeiros.


As estatísticas indicam que os três maiores pólos receptivos de turistas serão a Europa (717 milhões), Ásia do Leste e Pacífico (397 milhões) e as Américas (282 milhões), seguidos pela África, Oriente Médio e pela Ásia do Sul. Projeta-se para 2020 que na Ásia do Leste e Pacífico, no Oriente Médio, Ásia do Sul e na África, haverá um crescimento nas chegadas de turistas em torno de 5%, índice acima da média de crescimento do turismo mundial, de 4,1%. As regiões mais maduras, como a Europa e as Américas, demonstraram taxas de crescimento mais baixas que a média mundial, especialmente porque as bases de comparação são elevadas.

Somente no ano de 2007, a OMT contabilizou um fluxo de turistas internacionais da ordem de 900 milhões, com crescimento de 6% em relação ao ano de 2006, conforme pode ser visto no gráfico abaixo.

Com números desta proporção, é natural que surja a preocupação com o futuro do turismo mundial e seus impactos sobre o meio ambiente, seja na natureza ou na cultura local. Se o turismo atua como instrumento transformador de desigualdades econômicas e sociais, promove a criação de emprego e renda, é também verdade que, mal planejado, traz custos econômicos, sociais e ambientais significativos. Ultimamente, o conceito do “ecologicamente correto” ultrapassa as barreiras sócio-econômicas, não estando restrito aos ecologistas idealistas. Entretanto, ainda existe uma enorme distância entre a realidade e a propaganda verde. É preciso estreitar a relação entre turista, trade turístico e turismo sustentável para que realmente haja uma minimização sobre os impactos no meio. Para as entidades ligadas ao meio ambiente, o apoio do trade turístico na promoção do turismo sustentável é indispensável para a eficácia das ações. As ações de conscientização ambiental devem ser disseminadas também pela comunidade local, responsável pela recepção dos turistas. A cooperação entre todos esses parceiros é essencial para a conquista do turismo próspero e sustentável, que melhore a qualidade de vida local.

De acordo com o Secretário-Geral da OMT, Francesco Frangialli, o turismo também é responsável pelo aquecimento global, contribuindo com cerca de 5% das emissões de gases que causam o efeito estufa. A flexibilização nos preços das companhias aéreas associada a outros fatores como a expansão do crédito no Brasil, por exemplo, impactou na escolha dos turistas sobre o meio de transporte. Ainda de acordo com a OMT, 50% dos 898 milhões de turistas de 2007 escolheram o avião como meio de transporte para suas viagens, este, por sua vez, responsável por 40% das emissões de CO2 provenientes do turismo. Entretanto, com o preço do petróleo em alta, as empresas aéreas brasileiras já começaram a repassar os reajustes, elevando em até 200% os preços de alguns trechos, tornando as viagens cada vez mais onerosas, já que o custo com combustível significa 45% das despesas de uma empresa aérea. Além de culpado, o turismo também é vítima do aquecimento global na medida em que altera temperaturas e paisagens de determinados pontos turísticos, fundamentais na escolha daquele destino.

Outros fatores que merecem destaque são as questões no âmbito social. Além da depreciação e do esgotamento dos recursos naturais, questões como trabalho infantil, prostituição, exploração sexual, violência e abandono das culturas tradicionais também devem integrar este debate.

O turismo sustentável não deve atuar de forma a limitar o número de viagens para determinadas localidades, reduzindo o fluxo de turistas, como ocorre hoje em algumas regiões. É evidente que o turismo tem a capacidade de modificar a paisagem natural do local, levando muitos governos a adotarem medidas de proteção ambiental. Entretanto, o turismo pode ser benéfico em outros pontos, caso haja cuidado no planejamento das atividades e do fluxo de turistas. Muitas vezes, o turismo atua diretamente no desenvolvimento de algumas atividades, promovendo a sustentabilidade de determinada região, e na preservação do patrimônio histórico e cultural de determinada localidade. O turismo sustentável está calcado no tripé crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico. Sem um destes pilares, não há a caracterização do turismo sustentável.

Em termos gerais, o turismo é um setor econômico importante no tocante ao faturamento e ao número postos de trabalho. Neste contexto, o turismo sustentável demonstra ser fundamental para que o turismo atue como grande agente de fomento econômico para diversas localidades, promovendo a inclusão social e a preservação do meio ambiente. Entretanto, de nada adianta os esforços da sociedade local, das entidades representantes do turismo e dos órgãos governamentais se não houver a contrapartida do próprio turista, a conscientização dos visitantes em preservar o ambiente, respeitar os costumes locais e não adquirir objetos sacros ou animais clandestinos. Desta forma, o turismo nacional e as empresas ligadas a ele só têm a ganhar com o desenvolvimento do setor.

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