Jornal O Estado de São Paulo – Cad. Metrópole
O pão fresco e crocante, recém-saído do forno, deixou de ser ingrediente básico para uma padaria dar certo em São Paulo. Elas estão cada vez mais sofisticadas, tanto na decoração como na variedade de serviços e produtos. "Hoje é fundamental oferecer café da manhã, almoço e jantar ", diz Antero José Pereira, presidente do Sindicato e Associação dos Industriais de Panificação e Confeitarias. "As novas padarias já abrem as portas com salões específicos para refeições. As velhas, de olho na freguesia, começam a passar por reformas." Mistura de restaurante, empório e padaria, a Quinta dos Pães inaugura na quarta-feira com conceito novo de padaria gourmet, na Vila Mariana, zona sul da cidade. Num espaço de 600 metros quadrados, dividido em dois andares, promete reunir serviços que vão agradar a todos os sentidos dos paulistanos. A padaria terá, por exemplo, uma adega com cem rótulos de vinhos de nacionalidades variadas, sommelier para auxiliar aos clientes, cursos e degustações. Em parceria com o Octávio Café, vai servir expressos e drinques à base de café gourmet. Haverá um restaurante com pratos à la carte, entre eles risoto de limão siciliano com alho poró (R$ 18) e salada andina, com folhas verdes e tabule de quinua (R$ 16). Quem cuida do restaurante é Erika Boccuzzi, ex-chef do Empório Natan. No Campo Belo, a Orquídea Pérola abriu há três meses, com um bufê de almoço com 20 tipos de salada, 16 pratos quentes e 20 variedades de sobremesas. Na confeitaria, além de docinhos deliciosos, como o camafeu de nozes, há livros que em breve farão parte de uma biblioteca. "Quero ter exemplares suficientes para as pessoas lerem aqui ou levarem para a casa", diz o proprietário José Augusto, de 69 anos, que já tem na prateleira Os Lusíadas, de Camões, entre outros.
Grife dos Pães - A Padaria Benjamin Abrahão, considerada a grife dos pães, também investiu num espaço diferenciado para servir saladas, lanches e sopas, na segunda loja, aberta nos Jardins, há seis meses. "Essa é uma região mista, com residências, escritórios e lojas", diz Vicente Gines Safon, de 27 anos, um dos proprietários. "Muitas vezes, as pessoas querem fazer uma refeição rápida e barata. Quem trabalha por aqui acaba enchendo nossos salões durante a semana. Quem mora no bairro vem para o café da manhã com a família nos finais de semana." No segundo andar do prédio, num terraço aberto - bem agradável nos dias ensolarados -, gringos, executivos e amigas que saem às compras param ali para fazer uma boquinha. Um dos pratos mais vendidos é a salada brasileira (R$ 14,30), que leva alface crespa, cenoura, palmito, tomate, peito de peru e queijo minas. No térreo, onde ficam os pães, no almoço, os estudantes disputam salgados como a fogaça de shitake (R$ 45, o quilo) e a ciabata de vinho e calabresa (R$ 3,80, a unidade). Três meses depois de a Benjamin Abrahão abrir as portas nos Jardins, a concorrente América Bakery finalizou a reforma do espaço, que mudou de direção. Desde então, oferece bufê completo no café da manhã (R$ 14,90), almoço à la carte e pratos rápidos no jantar. Ali, foi aberto um quiosque de pizza. Outra que teve de se adaptar aos novos tempos foi a Letícia, na City Lapa, zona oeste, que envidraçou a fachada e ampliou o espaço para servir refeições. "Estamos desenvolvendo os pratos", diz o gerente, Vagner Alves Ferraz. "Mas, em breve, também teremos almoço."
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