Menos R$ 100 milhões para o Rio
Presidente da associação de hoteleiros admite prejuízo. Cidade terá menos 30% de visitantes
Débora Motta
JB Online
As picadas do mosquito Aedes aegypti já atingem também o bolso do carioca. O setor de turismo estima um prejuízo de cerca de R$ 100 milhões na indústria hoteleira e de serviços só no feriado de Tiradentes, no próximo dia 21, alerta a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira do Rio (ABIH). O prejuízo não pára por aí. De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), o medo de contrair a doença já compromete em 30% o fluxo de turistas – nacionais e estrangeiros – que visitam a cidade neste período.
– A expectativa era de 80% de reservas para o feriadão, que tradicionalmente atrai mais turistas brasileiros, normalmente mais cientes do que acontece no país – explica Alfredo Lopes, presidente da ABIH. – Desde o aumento de casos de dengue na cidade, temos 45% de reservas em hotéis. Se atingirmos 50% no feriado, teremos um prejuízo de R$ 100 milhões para o turismo no município.
De acordo com Lopes, a queda na procura por pacotes turísticos está intimamente ligada à epidemia de dengue que, neste ano, já atingiu mais de 63 mil pessoas – incluindo dois turistas portugueses, fora outros oito estrangeiros sob suspeita de terem contraído a doença. No caso do mercado externo a epidemia pode causar prejuízos a longo prazo. Os países que mais mandam turistas para cá são Portugal, Espanha, Alemanha, Inglaterra e EUA.
– Mas só vamos investir em campanhas para o turista estrangeiro depois que a crise passar – revela Lopes. – Não adianta gastar dinheiro e no dia seguinte sair uma notícia negativa sobre o país, como aquela dos dois turistas portugueses que contraíram dengue nas férias no Brasil.
Pacotes cancelados
Diante do prejuízo, o presidente da ABIH reuniu-se com com o governador Sérgio Cabral e com o secretário de Turismo, Esporte e Lazer, Eduardo Paes, em busca medidas para tentar gerenciar a crise.
– O plano agora é reforçar as campanhas de esclarecimento à população sobre tudo o que o governo tem feito para combater a dengue – conta Lopes. – Para o feriadão, vamos trabalhar com mídia direcionada para São Paulo e Belo Horizonte, os maiores pólos de turistas domésticos para o Rio.
O presidente da Associação Brasileira de Abav, Luis Strauss, revela que a epidemia reduziu em 30% o fluxo de turistas estrangeiros e nacionais.
– Com a crise, muitos cancelaram pacotes para grupos e eventos nacionais – afirmou Strauss. – Há 20 dias, a dengue não atrapalhava o número de pacotes que já tinham sido comprados, mas a indústria do turismo é sensível.
As perdas do turismo carioca atingem o setor em todo o país. Strauss ressaltou que o Rio costuma receber 34% dos turistas estrangeiros que visitam o Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas.
– O turismo brasileiro atrai cerca de 6,6 milhões de pessoas, e o Rio é responsável por um dos maiores percentuais. Além da epidemia diminuir em 30% a contribuição carioca ao segmento, ainda gera prejuízos causados pelos desistentes que não podem ser estimados – lamenta Strauss.
[ 10/04/2008 ] 02:01
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