Crescimento de 5,8% em relação a mesmo período de 2007 é menor que o do trimestre anterior, de 6,2%; no acumulado do ano, a alta se mantém
O Produto Interno Bruto (PIB) e a demanda deram leves sinais de acomodação no primeiro trimestre de 2008. O crescimento de 5,8% do PIB no primeiro trimestre, comparado a igual período de 2007, ficou abaixo dos 6,2% pelo mesmo indicador no último trimestre do ano passado. Na série de quatro trimestres seguidos, porém, a alta do PIB se mantém, com 5,8% no primeiro trimestre, ante 5,4% no último de 2007.
Na comparação entre os três primeiros meses de 2008 e último trimestre do ano passado, na série dessazonalizada - o critério que mostra melhor a tendência de curto prazo do crescimento -, o PIB cresceu 0,7% no primeiro trimestre de 2008, comparado com 1,6% nos três últimos meses de 2008. Em termos anualizados, caiu de 6,6% para 2,8%. No mesmo critério, o consumo das famílias - o principal componente do PIB, responsável por 60,9% do total - cresceu apenas 0,3%, ou 1,3% em termos anualizados.
O panorama de médio e longo prazos, porém, indica que o primeiro trimestre de 2008 manteve, ainda que com leve arrefecimento, a tendência iniciada em 2006 de crescimento do PIB puxado pela demanda interna, com destaque para o consumo das famílias e para os investimentos.
No caso do consumo das famílias, é o 18º crescimento trimestral consecutivo (comparado a iguais períodos do ano anterior). O IBGE apontou, como causas da continuidade dessa tendência no primeiro trimestre de 2008, o aumento de 6,9% da massa salarial real, e o crescimento nominal de 33,7% no crédito para pessoas físicas. Já os investimentos tiveram seu 17º crescimento trimestral consecutivo, puxados pela queda da Selic (taxa básica de juros) média de 12,9%, no primeiro trimestre de 2007, para 11,2%, nos três primeiros meses de 2008. Além disso, o crédito para empresas no mercado de taxas livres elevou-se em 33,9%.
O PIB do primeiro trimestre revelou um ótimo resultado da indústria, que cresceu 6,9% ante igual período de 2007, com destaque para a construção civil, com 8,8%, e a indústria de transformação, que se expandiu 7,3%. Em ambos os casos, foi o melhor resultado desde o segundo trimestre de 2004, quando o primeiro indicador foi de 10,2%, e o segundo de 12,3%.
A construção civil foi puxada no primeiro trimestre pelo crédito habitacional, que cresceu 24,6% ante igual período de 2007, e pelo aumento de 2,5% da população ocupada na construção. Na indústria de transformação, os destaques foram máquinas e equipamentos, indústria automobilística (incluindo peças e acessórios), material elétrico e metalurgia. A indústria extrativa-mineral cresceu modestos 3,3% no primeiro trimestre, freada por atrasos e serviços de manutenção em plataformas de petróleo.
A agropecuária cresceu apenas 2,4% no primeiro trimestre, ante igual período de 2007 (e caiu 3,5% na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior), influenciada, entre outros fatores, pelo crescimento modesto de 2,6% na soja (ante o primeiro trimestre de 2004), resultado derivado em parte de inovação metodológica que incluiu a produtividade da área plantada no cálculo. Houve ainda recuo na produção de algodão, de 3,7%. Pelo lado positivo, a produção de milho avançou 11,4%, e a de arroz, 8,6%.
Nos serviços, os destaques foram a intermediação financeira, com crescimento de 15,2% na esteira do crédito, e dos serviços de informação, que tiveram expansão de 9,5%, derivada em boa parte dos celulares, que já pesam mais que a telefonia fixa no PIB.
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