sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Desemprego burro ...


08/11/2007
Desemprego burro

Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada ontem, informa que inúmeros setores da economia estão desesperados à procura de mão-de-obra qualificada. Não estamos falando aqui de doutores, mas de qualificações simples.

A burrice ocorre, entre outros motivos, porque se dá mais atenção aos cursos superiores tradicionais, os quais, muitas vezes, são de péssima qualidade e cuja empregabilidade é baixíssima. Isso com estímulo oficial que dá bolsas a alunos mais pobres cursarem faculdades medíocres.

Para reduzir esse problema, bastaria conhecer as vocações econômicas locais e preparar mão-de-obra para elas, acrescentando ensino profissionalizante ao ensino regular. Tudo isso pode ser feito com a ajuda dos recursos de educação à distância. Nada disso é novidade e já temos, no Brasil, vários casos de sucesso.

É muito mais barato um curso superior para tecnólogo do que a graduação normal. Mas muitos jovens não sabem disso na hora de prestar o vestibular.

O melhor que se pode fazer pela inclusão de verdade dos jovens é ampliar a oferta de ensino profissionalizante, transformando as escolas de ensino médio numa porta de saída para o mercado de trabalho.

Abaixo, algumas experiências de ensino profissionalizante que merecem ser acompanhadas.

Restaurantes e bares procuram profissional que tenha habilidade com as mãos
Erika Vieira


Saber fazer escultura em legumes e frutas, essa é a nova habilidade que um profissional precisa ter para trabalhar nos restaurantes e bares da capital brasileira da gastronomia. Ser criativo e jeitoso com as mãos é o principal quesito para os candidatos que desejam ingressar no mercado dos bares e restaurantes paulistanos.

Não é à toa que o curso de Garde Manger está sendo um dos mais requisitados na Escola de Hotelaria, Gastronomia e Turismo João Dória Júnior, pertencente ao Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo. O aluno aprende a criar arranjos para mesas e pratos usando como matéria-prima a própria comida, que pode ser um legume, uma raiz ou uma fruta. Em função da demanda inesperada, o curso precisou passar por uma reformulação e volta a compor a grade curricular da escola somente em 2008.

Outro segmento culinário que tem procurado pessoas especializadas é o de molhos e saladas. “Hoje os donos de restaurantes estão pedindo profissionais que saibam preparar molhos e saladas”, fala Sandra Helena Marques, responsável pelos cursos de gastronomia da escola João Dória Júnior.

Apesar desses dois cursos estarem ganhando bastante destaque, os que mais tem procura ainda são os de cozinha (fazer e montar pratos) e pizzaiolo. “Para os de cozinha estamos tendo que montar uma turma atrás da outra”, diz Sandra. A qualificação dura de 10 a 30 dias, com turmas de 8 a 12 alunos. “Dentro do meu quadro de empregos, de 70 a 80% das vagas é para atender bares e restaurantes”, afirma Fabiana Leite Brandini coordenadora dos cursos da Escola de Hotelaria, Gastronomia e Turismo João Dória Júnior.

Hotéis
Já os hotéis continuam contratando, em maior quantidade, profissionais para atuarem na recepção e na governança (camareiras e limpeza de quarto). “O recepcionista de hoje e do futuro precisa saber pelo menos inglês e espanhol”, diz Fabiana Leite Brandini. Ela também conta que o curso de camareira é o que mais tem procura.

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